Preste atenção: em 2030, 15,7% das crianças e adolescentes brasileiros, com idade entre 10 e 19 anos, viverão com obesidade. A projeção foi divulgada no Atlas Mundial da Obesidade 2022, publicado pela Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation), uma organização voltada para redução, prevenção e tratamento da obesidade.
O número é assustador! Nessa faixa etária, além de todos os problemas físicos causados pela obesidade, o impacto emocional também é muito grande. É comum receber adolescentes obesos no consultório que estão com a vida social totalmente limitada por causa do peso.
Diante dessa realidade, há uma busca cada vez maior por tratamentos de obesidade, e a cirurgia bariátrica está entre eles. Mas um adolescente pode ser submetido a este procedimento? Não só pode, como deve, obviamente, desde que ele se enquadre em todos os critérios para cirurgia bariátrica.
De forma geral, qualquer paciente, para fazer a cirurgia bariátrica, precisa se enquadrar em critérios internacionais. O primeiro deles é o IMC (Índice de Massa Corpórea), que deve ser acima de 40 kg/m² ou entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m², associado a comorbidades, que são doenças causadas pela obesidade. Também é necessário comprovar que realizou, por pelo menos dois anos, tratamentos clínicos para a obesidade, sem resultados satisfatórios. Não há restrição de idade para pacientes que tenham entre 18 e 65 anos.
Já no caso dos adolescentes, com idade entre 16 e 18 anos, é possível realizar a cirurgia bariátrica quando, além de o paciente se enquadrar nos critérios acima, também há um consenso entre família, paciente e equipe multidisciplinar. A rigidez é um pouco maior quando o paciente tem menos de 16 anos. Como ele ainda está em desenvolvimento, é necessário olhar com mais cuidado e, normalmente, a cirurgia só é aprovada quando ele possui alguma síndrome genética. É recomendado que os riscos sejam avaliados por dois cirurgiões bariátricos e por toda a equipe multidisciplinar. Também é fundamental que a família esteja de acordo e se comprometa a acompanhar o paciente durante a recuperação.
O papel e o apoio da família são fundamentais para que o adolescente se adapte à nova vida. Como os pacientes bariátricos de outras idades, o adolescente também deverá fazer acompanhamento com a equipe multidisciplinar e repor vitaminas que sejam necessárias. Mas a tendência é que ele ganhe muito mais qualidade de vida. E também uma expectativa de vida maior.
Artigo por Dr. Admar Concon Filho
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