Quando uma pessoa decide fazer a cirurgia bariátrica, ela recebe toda orientação de que o acompanhamento deve ser por toda a vida. Há três motivos principais para isso: o primeiro é que a obesidade é uma doença crônica e sem cura, portanto, precisa de tratamento constante; o segundo é que o sucesso da cirurgia, principalmente a longo prazo, depende muito do acompanhamento com a equipe multidisciplinar; o terceiro é que o paciente submetido à cirurgia bariátrica precisa ser submetido a exames constantemente para verificar como está o seu estado geral de saúde.
Na prática, nós percebemos que após os primeiros anos, é comum o paciente começar a faltar às consultas de rotina com o cirurgião, o endocrinologista, a nutricionista e o psicólogo, que são os profissionais que devem acompanhar o processo de perto para sempre. E, na pandemia, este cenário ficou ainda mais acentuado. Com medo de se contaminar, os pacientes de cirurgia bariátrica estão deixando de fazer o acompanhamento adequado.
Os problemas são vários, entre eles, está a recidiva da obesidade, ou seja, o paciente começa a ter um reganho significativo do peso, que pode comprometer todo o tratamento cirúrgico; outro ponto importante é que os níveis de vitamina também podem ficar comprometidos e gerar sérios problemas de saúde. Também é necessário investigar possíveis queixas, através de exames de endoscopia e colonoscopia, para ver se está tudo certo sob o aspecto fisiológico. Por último, e tão importante quanto, tem a questão emocional, que também sofre grande interferência da pandemia. O paciente pode voltar a comer mais, até de maneira compulsiva, e colocar tudo a perder. Por isso, o acompanhamento psicológico é fundamental.
Mas é seguro ir a uma consulta ou a um exame durante a pandemia? Sim. Clínicas médicas e de exames adotaram rígidos protocolos porque precisam garantir, além da saúde dos pacientes, a saúde de toda a equipe. Na Clínica Concon, por exemplo, é feita uma triagem por telefone e fornecidas todas as informações para o dia da consulta. Ao chegar, o paciente responde a um questionário sobre sintomas, contatos com contaminados, etc. e, só depois, sua entrada é liberada. Dentro da clínica, todos devem usar máscara. Também espaçamos os horários de atendimento para que todos possam manter o distanciamento social.
Para se ter uma ideia dos cuidados, desde o início da pandemia, nosso grupo realizou centenas de cirurgias bariátricas e não registrou nenhuma contaminação de paciente ou membro da equipe em todo o processo. É muito mais possível se contaminar em outros ambientes, onde os cuidados não são tão rigorosos, do que em atendimentos médicos.
Por isso, não deixe de cuidar da sua saúde de forma geral. E se você estiver em processo de fazer a bariátrica, no pós-operatório imediato ou a longo prazo, redobre os cuidados com a sua saúde. Não deixe de procurar seu médico e de fazer o acompanhamento com a sua equipe multidisciplinar. Os riscos de ficar sem este tipo de atendimento são muito maiores. As outras doenças continuam acontecendo paralelamente à Covid-19, portanto, não negligencie sua saúde.
Sobre Admar Concon Filho
Dr. Admar Concon Filho é cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Palestrante internacional, presidente do Hospital e Maternidade Galileo e fundador e coordenador do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Também é coordenador do Núcleo de Endoscopia Bariátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders. CRM – 53.577
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