Em nosso último artigo, falamos sobre os problemas causados pela obesidade, uma doença que atinge 1 a cada 5 brasileiros adultos. Hoje, quero conversar com vocês sobre as cirurgias bariátricas, que têm se mostrado cada vez mais uma alternativa de tratamento eficaz para combater o excesso de peso.
Estima-se que no Brasil, cerca de 100 mil pessoas façam a cirurgia bariátrica por ano. Apesar de parecer um número elevado, apenas 2% da população obesa com indicação para cirurgia consegue realizar o procedimento. O restante não tem acesso por algum motivo ou têm medo de se submeter a esta mudança.
O fato é que a obesidade mata. Ela é uma doença complexa, crônica, incurável, progressiva, fatal e com custo biopsicossocial importante. Muitas pessoas passam a vida inteira tentando – sem sucesso – chegar a um peso considerado normal.
Diante dessa realidade, a cirurgia bariátrica, conhecida popularmente como redução do estômago, é uma alternativa que deve ser considerada, não sob o ponto de vista estético, mas da saúde do paciente. Gosto de destacar que operamos o estômago, e não o cérebro do paciente. Portanto, este procedimento está longe de ser um milagre. O paciente precisa ter disciplina e foco por toda a vida para que realmente tenha resultados efetivos.
Um grande aliado nesse processo é o acompanhamento multidisciplinar, que faz parte do tratamento tanto antes quanto depois da cirurgia. Para que seja submetido ao procedimento, o paciente precisa juntar laudos de diversos especialistas, entre eles, endocrinologista, nutricionista, cardiologista, psicólogo, ortopedista e pneumologista.
Além disso, também precisa se enquadrar nas regras do CFM (Conselho Federal de Medicina) para ser submetido à cirurgia. Basicamente, ele só pode ser submetido a uma bariátrica se tiver IMC (índice de Massa Corporal) acima de 35, desde que seja portador de doenças causadas pela obesidade, ou IMC acima de 40, sem necessidade de comprovar comorbidade.
Após a cirurgia, ele deve continuar o tratamento com a equipe multidisciplinar, que vai orientá-lo e ajudá-lo a se adaptar à nova vida.
No Brasil, os dois tipos de cirurgia mais realizados são a Bypass e a Sleeve. Na Bypass, é feita uma redução do estômago, através de um grampeamento. No entanto, o estômago excluso permanece dentro paciente. Nesta técnica, também é realizado um desvio no intestino, que reduz a absorção dos alimentos e vitaminas. Na Sleeve, a parte do estômago que “sobra” é retirada do paciente e não há desvio de intestino. Nos dois casos, os pacientes precisam de acompanhamento vitalício e suplementação de vitaminas.
Hoje, as cirurgias bariátricas são menos invasivas e podem ser feitas por videolaparoscopia. São realizados de cinco a seis furinhos na barriga do paciente, que tem uma recuperação muito mais rápida.
Em Valinhos, nós realizamos uma reunião mensal na sede da APM (Associação Paulista de Medicina), onde esclarecemos todas as dúvidas sobre cirurgias bariátricas. Não há custo para participar da reunião e nem necessidade de se inscrever previamente. O endereço é Av. Joaquim Alves Corrêa, 3829. As datas sempre são divulgadas com antecedência pelo Facebook do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Espero vocês lá!
Dr. Admar Concon Filho é cirurgião bariátrico e médico endoscopista. Lidera o Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos
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